Querer o melhor para os filhos parece ser o mais correcto para quem quiser ser considerado um bom pai ou uma boa mãe. Mas há que ter cuidado, caso contrário, o desejo pode se transformar numa obsessão.
Bolos macrobióticos, meias anti-alérgicas, explicadores para corrigiram uma deficiência na forma de segurar os lápis por crianças de cinco anos são apenas alguns exemplos de cuidados questionáveis. Um fenómeno crescente e que não fez distinção de idades, raças ou zonas de origem, afirma a revista "Time".Os pais ficaram tão obcecados com a segurança e o sucesso dos seus filhos que esta tendência acabou por se transformar num produto. Há pais que solicitam às creches que dêem aulas de Mandarim, "porque nunca é cedo de mais para preparar-se para a competição que caracteriza uma economia global". Há professores de liceus norte-americanos que recebem cartas de pais furiosos, protestando contra uma nota mais baixa num exame e jovens que chegam às universidades à beira de um ataque de nervos perante a menor hipótese de um eventual falhanço.
Conforme cresceu a preocupação geral de alguns pais-galinha, alguns heréticos, segundo a "Time", tentaram manter-se à parte da tendência. Lenore Skenazy, por exemplo, pode ser encontrada no Google através da expressão "a pior mãe da América" e recebeu esta classificação porque certo dia deixou o seu filho de nove anos andar sozinho no metro de Nova Iorque.
Educada na reputada Universidade de Yale, Skenazy decidiu lançar o blogue "Free Range Kids: Giving Our Children the Freedom We Had Without Going Nuts With Worry", qualquer coisa, em tradução livre, como "Crianças livres: dar liberdade aos miúdos sem enlouquecer com a preocupação". A argumentação é de que não há razão para que, pais, que foram educados indo a pé até às suas escolas, tenham ficado obcecados com a segurança dos filhos no caminho entre a casa e os estudos. "Estamos a infantilizar as nossas crianças até à incompetência delas", afirma Skenazy.O sofrimento dos pais já é tal, relata a "Time", que há alguns a tirarem fotografias dos seus filhos diariamente quando estes saem de casa para a escola porque, em caso de sequestro, a polícia terá uma "fotografia recente" das crianças, com as roupas usadas a cada dia. Assim como os pais que se recusam em vacinar as crianças contra a gripe A com medo dos eventuais efeitos colaterais.
A geração de pais nascidos depois de 1964, que demorou mais a casar e a ter (pouquíssimos) filhos, é a mais afectada por esta tendência de "overparenting", como se afirma em Inglês. Mas as trincheiras contra este comportamento já estão a ser erguidas. O sítio honestbaby.com vende t-shirts com a inscrição "eu vou andar quando eu estiver preparado" e há uma série de páginas na Internet e livros que tentam restabelecer algum equilíbrio na ralação entre pais e filhos.
Está, portanto, a surgir uma espécie de movimento que assegura aos pais a possibilidade de discordarem da norma geral, politicamente correcta, e de procurarem os seus próprios caminhos educativos. Kim John Payne, por exemplo, é a autora do livro "Paternidade Simples" e defende, entre outras medidas, um número mais reduzido de brinquedos. Afirma, segundo a "Time", que cada criança americana tem em média 150 brinquedos e pode ter até menos 75% e continuar a ser feliz. Desta forma, seria possível dar maior uso à criatividade infantil, sobretudo, se a ocupada agenda das crianças incluir intervalos apenas para as brincadeiras.
O artigo da revista recorda o conselho do escritor britânico D.H. Lawrence, em 1918: "Como começar a educar uma criança. Primeira regra: deixe-a sozinha. Segunda regra: deixe-a sozinha. Terceira regra: deixe-a sozinha. Este é o começo". E o aparte da jornalista: "Claro que é fácil para ele dizer. Ele não teve crianças". Fica a dúvida: será possível aligeirar o peso da paternidade? (Expresso Digital)
Bolos macrobióticos, meias anti-alérgicas, explicadores para corrigiram uma deficiência na forma de segurar os lápis por crianças de cinco anos são apenas alguns exemplos de cuidados questionáveis. Um fenómeno crescente e que não fez distinção de idades, raças ou zonas de origem, afirma a revista "Time".Os pais ficaram tão obcecados com a segurança e o sucesso dos seus filhos que esta tendência acabou por se transformar num produto. Há pais que solicitam às creches que dêem aulas de Mandarim, "porque nunca é cedo de mais para preparar-se para a competição que caracteriza uma economia global". Há professores de liceus norte-americanos que recebem cartas de pais furiosos, protestando contra uma nota mais baixa num exame e jovens que chegam às universidades à beira de um ataque de nervos perante a menor hipótese de um eventual falhanço.
Conforme cresceu a preocupação geral de alguns pais-galinha, alguns heréticos, segundo a "Time", tentaram manter-se à parte da tendência. Lenore Skenazy, por exemplo, pode ser encontrada no Google através da expressão "a pior mãe da América" e recebeu esta classificação porque certo dia deixou o seu filho de nove anos andar sozinho no metro de Nova Iorque.
Educada na reputada Universidade de Yale, Skenazy decidiu lançar o blogue "Free Range Kids: Giving Our Children the Freedom We Had Without Going Nuts With Worry", qualquer coisa, em tradução livre, como "Crianças livres: dar liberdade aos miúdos sem enlouquecer com a preocupação". A argumentação é de que não há razão para que, pais, que foram educados indo a pé até às suas escolas, tenham ficado obcecados com a segurança dos filhos no caminho entre a casa e os estudos. "Estamos a infantilizar as nossas crianças até à incompetência delas", afirma Skenazy.O sofrimento dos pais já é tal, relata a "Time", que há alguns a tirarem fotografias dos seus filhos diariamente quando estes saem de casa para a escola porque, em caso de sequestro, a polícia terá uma "fotografia recente" das crianças, com as roupas usadas a cada dia. Assim como os pais que se recusam em vacinar as crianças contra a gripe A com medo dos eventuais efeitos colaterais.
A geração de pais nascidos depois de 1964, que demorou mais a casar e a ter (pouquíssimos) filhos, é a mais afectada por esta tendência de "overparenting", como se afirma em Inglês. Mas as trincheiras contra este comportamento já estão a ser erguidas. O sítio honestbaby.com vende t-shirts com a inscrição "eu vou andar quando eu estiver preparado" e há uma série de páginas na Internet e livros que tentam restabelecer algum equilíbrio na ralação entre pais e filhos.
Está, portanto, a surgir uma espécie de movimento que assegura aos pais a possibilidade de discordarem da norma geral, politicamente correcta, e de procurarem os seus próprios caminhos educativos. Kim John Payne, por exemplo, é a autora do livro "Paternidade Simples" e defende, entre outras medidas, um número mais reduzido de brinquedos. Afirma, segundo a "Time", que cada criança americana tem em média 150 brinquedos e pode ter até menos 75% e continuar a ser feliz. Desta forma, seria possível dar maior uso à criatividade infantil, sobretudo, se a ocupada agenda das crianças incluir intervalos apenas para as brincadeiras.
O artigo da revista recorda o conselho do escritor britânico D.H. Lawrence, em 1918: "Como começar a educar uma criança. Primeira regra: deixe-a sozinha. Segunda regra: deixe-a sozinha. Terceira regra: deixe-a sozinha. Este é o começo". E o aparte da jornalista: "Claro que é fácil para ele dizer. Ele não teve crianças". Fica a dúvida: será possível aligeirar o peso da paternidade? (Expresso Digital)
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